sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Tensão dá trégua, mas volatilidade deve guiar bolsas


A alta registrada ontem nos mercados — na Europa o principal índice acionário subiu mais de 2% — é “respiro” pontual.
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Priscila Dadona
pdadona@brasileconomico.com.br
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Alívio. Este foi o sentimento nos mercados acionários ontem. Na Europa, o sistema financeiro, que tanto abalou os negócios na quarta-feira, deu uma trégua. Para os especialistas, trata-se de um respiro pontual e a
tendência para as bolsas é mesmo a volatilidade. No Velho Continente, depois de uma segunda-feira de pânico e uma quarta-feira de depressão especialmente para as ações dos bancos, o FTS Eurofirst 300, principal índice acionário europeu, fechou em alta de 2,61% ontem. No ano, porém, acumula perdas de 21,6%. Os protagonistas da derrocada, os bancos, se recuperaram ontem tanto na Europa quanto nos EUA. Os franceses Société Généralé, BNP Paribas e Crédit Agricole subiram 3,7%, 0,31% e 5,27%, respectivamente. Os americanos Bank of America (7,09%), JP Morgan (6,75%) e Citigroup (6,32%) também se valorizaram. Segundo um estrategista de um banco estrangeiro, como o setor bancário é mais vulnerável, acaba liderando a recuperação. O pano de fundo deste sobe e desce das ações é a crise financeira global, vista pelo mercado como um desdobramento da turbulência de 2008. “É a mesma crise, só que com outro formato”, afirma Tharcisio Souza Santos, professor de Economia da FAAP. Marcelo Ribeiro, diretor da Pentágono Asset Management, concorda que a crise é a mesma de três anos atrás. E, para ele, a
recuperação que muitos acreditavam não ocorreu porque estava ancorada em recursos dos governos, que são limitados, e não trazem crescimento econômico como os investimentos do setor privado. “A suposta recuperação não tinha sustentabilidade”. Segundo Ribeiro, esta fragilidade provoca mais incertezas para as bolsas. “Vão cair vários degraus íngremes. Um dia tem uma queda abrupta e, no outro rally de alívio”. Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets, o que pode reverter este
quadro de volatilidade nas bolsas é o anúncio, pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano), de um novo pacote de estímulo monetário, o quantitative easing 3. “Se anunciar trará mais segurança para o mercado, o que, consequentemente, deve reduzir a volatilidade”, afirma. A expectativa é que o Fed faça o anúncio durante o congresso Jackson Hole, no próximo dia 26. Quebradeira Apesar de acreditarem que o pior da crise ainda pode estar por vir, um quadro de falência generalizada de bancos é descartado. “Embora  não tenhamos um detalhamento sobre o endividamento de cada país, dificilmente veremos a quebra de um grande banco como ocorreu com o Lehman Brothers em 2008”, afirma Rostagno, que cogita, no entanto, o fechamento de algumas instituições financeiras menores. Mais pessimista, Ribeiro acha que tecnicamente os bancos europeus já estão quebrados, pela grande exposição de suas carteiras em papéis de países endividados do chamado PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha. “É só aparência de que está tudo bem”, diz. Embora o mercado admita que a piora do quadro bancário europeu possa  respingar no Brasil, o sistema financeiro doméstico é, para os especialistas, um dos mais “blindados” do mundo. “Temos um super sistema financeiro. O melhor do mundo, não tem nenhum igual ao nosso. Conseguiram fazer um sistema a prova de bala”, se entusiasma Souza Santos, cuja dissertação de mestrado aborda os 40 anos do sistema financeiro brasileiro. Para Rostagno, o que ajuda o país são as medidas tomadas pelo Banco Central (BC) contra a especulação no câmbio, a robustez da economia e as reservas internacionais que atingiram, pela primeira vez, US$ 350 bilhões. ■ Com Reuters


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